O método Marie Kondo para arrumar a casa e a vida tem vindo a ganhar muita fama, tendo até já resultado numa série de televisão na Netflix.
Como o tema da organização é algo sempre relevante, em 2016 comprei o livro “The Life changing magic of tidying up” (em português: arrume a sua casa, arrume a sua vida) para conhecer e experimentar o método.
Ao longo do tempo já algumas pessoas me questionaram sobre a relação do método Konmari com metodologias como GTD, quais as semelhanças, diferenças, se se podem conciliar ou não.
Sendo um purista de GTD, sigo-o à risca, não substuindo nenhuma parte por qualquer outra técnica. No entanto, mesmo alguém que pratica GTD a 100% pode conciliar muitas outras ferramentas ou técnicas. Desde que os princípios fundamentais de GTD não sejam quebrados, nada nos impede de tentar melhorar a nossa produtividade com outras ideias.
Assim como muitos outros já existentes, o método Konmari foca-se na organização externa do nosso lar. Esta é logo uma diferença fundamental. Relembro que em GTD há 5 passos, ou aspectos principais, naquilo que é a nossa abordagem a uma vida produtiva:
- recolher
- processar
- organizar
- rever
- fazer
A organização em GTD tem uma importância mais relativa e não resolve, por si só, um problema.
A outra grande diferença é que o método Konmari foca-se em objectos externos que criam confusão e desarrumação. Embora em GTD também se faça recolha e organização externa, o método em si está muito mais orientado para a limpeza e clareza mental (ideias, responsabilidades, objectivos, planos, …)
No entanto, de um certo ponto de vista, podemos até dizer que o método Konmari é uma aplicação de GTD à arrumação da casa. Porquê?
Em GTD, no processo de recolha, processamento e organização de itens externos, juntamos tudo (na caixa de entrada) e processamos (definimos importância e próximos passos). Aquilo que não interessa vai para o lixo e o que fica é organizado no local apropriado (gavetas, listas, …).
O método Konmari segue, na essência estes mesmos passos, tudo é centralizado (por ex: a pilha de roupa na cama). Ao ver essa pilha completa, temos que processá-la (does it spark joy?), ou seja, decidir, e por último, organizá-la no local apropriado. O que fica de fora é deitado fora ou doado.
Ou seja, sim é possível conciliar ambos os métodos. Diria até que é recomendado fazê-lo!
Ao assistir a alguns episódios da série da Netflix, foi interessante ver como no final do processo as pessoas relatavam um maior envolvimento com a sua casa, tranquilidade, paz e até foco. Se conseguem isso ao arrumar a casa, o que obteriam ao limpar e “arrumar” também os seus pensamentos, pendentes, preocupações, responsabilidades e tudo o resto que nos tira paz mental?
Enquanto que o método Konmari dá mais ênfase na componente física da nossa vida(as nossas posses), GTD foca-se mais na arrumação e clareza psíquica para uma maior qualidade de vida.